quarta-feira, 28 de julho de 2010

Sabia ele do seu desajeito para a música. Sabia ele do seu descompasso ao ritmo da dança. Sabia do seu desastroso jeito de movimentar-se. Mas a sintonia às idéias dela faria qualquer melodia subordinar-se aos seus passos. E no toque dos corpos deles estaria contida toda abstração. O tempo se renderia ao toque de suas mãos.

quarta-feira, 14 de julho de 2010

Se são flores seus dias, os perfumes estranhos de sentimentos tão contraditórios que o vento vem trazer-lhe. São flores o colorido que vem pintar sorrisos em dias suaves. Se venho acordar sob a leve sensação de aconchego. Se me deito na suavidade das flores. Se me curvo a sintonia das cores. Se abraço o vento e danço com ele sob a chuva. Se posso sentir o céu e posso viver a noite. Se esta é clara. Se brinco entre estrelas. Se minha mística mistura-se a delas. Se, então, sou amor, se vejo amor, se danço amor...

terça-feira, 13 de julho de 2010

Enquanto meus olhos forem arte
estarei nua e curva
a fantasia que há nas palavras.
Me renderei sem contestar
aos súbitos momentos nos quais elas proliferam.
E dançarei com elas
todas as melodias de
todas as sensações
de toda a magia contida nas frases.
E meu corpo render-se-á
a ilusão dos movimentos
de passos
e espaços
e abraços
pintados em uma partitura
do que um dia foi música
na mente ilusória de uma palhaço.

sábado, 10 de julho de 2010

A hipocrisia continha
A humanidade desgasta
A mentira revela-se
O tempo... o tempo...
A perfeição contida
na ausência de qualquer pensamento
A inteligência do não saber
A verdade a saber
No tempo... o tempo...

sexta-feira, 2 de julho de 2010

O Menino

Estava ele ali. Como esteve todas as manhãs desde que os descobrira.
E eu ansiava por vê-lo. Ansiava por aqueles olhos de dúvida, por aquela desconfiança presente em cada traço de seu rosto. Queria, sobretudo, o curtíssimo segundo de sua presença.
Aquela criança era o que trazia música para dias tão estranhos. Era aquela criança a sua própria infância que os dias roubaram tão inescrupulosamente de seus sonhos. Era o menino que compartilhava com ela o desejo de descobri-la, de descobrir-se...
E na simplicidade dos gestos dele, na subordinação contida nos seus sons, ausentava-se do seu mundo. Perdia-se na dúvida dele!