Não que eu esteja com ciúmes
É que, de repente, meu coração foi diminuindo
A medida que meus pulmões tomaram formato de agulhas.
É que, entre tantas outras coisas, eu não tenho esse direito.
Nos dei essa liberdade.
Sim, eu estou com saudades!
Não que eu esteja com ciúmes
É que, de repente, meu coração foi diminuindo
A medida que meus pulmões tomaram formato de agulhas.
É que, entre tantas outras coisas, eu não tenho esse direito.
Nos dei essa liberdade.
Sim, eu estou com saudades!
Não é escrever poesia, é ver poesia, sentir poesia. O muito que perdemos nossa sensibilidade aos movimentos quase imperceptíveis das coisas, de todas as minucias presentes no mundo. A nossa busca nos impede de perceber quão vagarosamente vão compondo essas danças naturais ao nosso redor.
O movimento é algo realmente encantador. Repare com que complexa simplicidade cai vagarosamente cada gota de nosso copo d’ água. As pessoas não deveriam se entorpecer para reparar a singeleza de cada traço universal. É fascinante o deslize do ar levando as folhas e flores e poeira do caminho. Do mesmo modo é fabuloso a dança da água contornando as pedras, ao mesmo tempo em que avassaladora, quase a pedir licença para traçar seu caminho. (Vezes de fúria deve ser dias de confusão desse casamento tão duradouro – água e pedra!- todo casal tem seus desentendimentos).
Tenho prestado um pouco mais de atenção a toda beleza que meu cotidiano me impedia de ver. Incrível que, mesmo meu trabalho sendo a vida, fazia muito tempo que não a reparava, que não analisava sem todo aquele aparato técnico. Incrível como o conhecimento no mesmo instante em que nos abre para tantas coisas, nos cega para tantas outras. Ficamos céticos e técnicos demais e perdermos a magia existente ao redor.
Queria compartilhar a maneira como agora vejo (no sentido de ver mesmo – com olhos!- e não no sentido figurado) as coisas por aí. Fiquei a eternidade de vários minutos observando o bater das asas de um passarinho (aquela forma descompromissada de seus movimentos; e tão elegantes) . Este ócio mercecido foi de uma leveza tão feliz...