segunda-feira, 18 de abril de 2011

Sobre o movimento, a água e as entrelinhas

Não é escrever poesia, é ver poesia, sentir poesia. O muito que perdemos nossa sensibilidade aos movimentos quase imperceptíveis das coisas, de todas as minucias presentes no mundo. A nossa busca nos impede de perceber quão vagarosamente vão compondo essas danças naturais ao nosso redor.

O movimento é algo realmente encantador. Repare com que complexa simplicidade cai vagarosamente cada gota de nosso copo d’ água. As pessoas não deveriam se entorpecer para reparar a singeleza de cada traço universal. É fascinante o deslize do ar levando as folhas e flores e poeira do caminho. Do mesmo modo é fabuloso a dança da água contornando as pedras, ao mesmo tempo em que avassaladora, quase a pedir licença para traçar seu caminho. (Vezes de fúria deve ser dias de confusão desse casamento tão duradouro – água e pedra!- todo casal tem seus desentendimentos).

Tenho prestado um pouco mais de atenção a toda beleza que meu cotidiano me impedia de ver. Incrível que, mesmo meu trabalho sendo a vida, fazia muito tempo que não a reparava, que não analisava sem todo aquele aparato técnico. Incrível como o conhecimento no mesmo instante em que nos abre para tantas coisas, nos cega para tantas outras. Ficamos céticos e técnicos demais e perdermos a magia existente ao redor.

Queria compartilhar a maneira como agora vejo (no sentido de ver mesmo – com olhos!- e não no sentido figurado) as coisas por aí. Fiquei a eternidade de vários minutos observando o bater das asas de um passarinho (aquela forma descompromissada de seus movimentos; e tão elegantes) . Este ócio mercecido foi de uma leveza tão feliz...

4 comentários:

  1. Olhar poético é de quem tem coração de mel... adorei o texto... abração

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  2. De quem tem coração de mel e ouso completar... todas as sensações a flor da pele.
    Grande abraço

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  3. E viva a primeira poesia, que está aí, solta no mundo, esperando que alguém a perceba e lhe dê forma! Ou que simplesmente se delicie com ela!
    que seja sentida! que possamos respirar mais essa poesia!

    gde abraço

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  4. Talvez deliciar-se com ela seja realmente o essencial. Talvez os poetas sejam apenas o canal que a poesia escolheu para despertar as outras pessoas. Para que pessoas sejam capazes de comtempla-la e senti-la.

    Grande abraço!

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